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domingo, 7 de dezembro de 2014

Refletir...



 "... A minha contribuição foi encontrar uma explicação segundo a qual,
por trás da mão que pega o lápis,
dos olhos que olham,
dos ouvidos que escutam,
há uma criança que pensa"
(Emília Ferreiro)


 




FONTE: Entrevista feita a Emília Ferreiro a Revista Nova Escola.

Vídeo


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Etapas da Alfabetização

   Analisando os estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky sobre a psicogênese da língua escrita, compreende-se uma outra meneira de ver a aquisição do código escrito que é realizado pelas crianças. “A leitura e a escrita não dependem exclusivamente da habilidade que o alfabetizando apresenta de ‘somar pedaços de escrita’, e sim, antes disso, de compreender como funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada na sociedade”.


    Ferreiro e Teberosky pbservam que tentando compreender a escrita, as crianças criam teorias que se desenvolvem como: a pré-silábica, a silábica, a silábico-alfabética e a alfabética. São as chamadas hipóteses.

            Pré silábica:

              

                Essa fase se caracteriza em dois níveis. No primeiro, as crianças tentam diferenciar os desenhos da escrita, indentificando o que se pode ler. No segundo nível, constroem princípios que vão acompanhá-las no processo de alfabetização, como: é preciso um determinado número de letras para que haja algo, de fato, escrito (em torno de três) e o princípio de que há uma variedade de caracteres para que se consiga ler. Para escrever, a criança vai utilizar letras aleatórias, geralmente as que contém em seu nome e sem uma quantidade significativa. 

        Silábica:



   Nessa fase a escrita já representa uma relação entre os termos,entre a grafia e a parte falada. Para cada parte falada ( sílaba oral ) a criança atribui uma grafia, ou seja, uma letra escrita.
         
     Por exemplo, quando escreve a palavra ''MÃO'', pode utilizar apenas uma letra, pautando-se na hipótese silábica, onde vai corresponder o número de letras com a quantidade de vezes que ela abriu a boca para falar, ou pode ainda utilizar dois ou três símbolos, pois não acredita que possa se escrever apenas com uma letra.
                
    Nessa fase, pode também ser dividida em dois níveis: o primeiro, silábico sem valor sonoro, onde a crianças representa cada sílaba por uma letra qualquer, sem nenhuma relação com o som que ela representa. O segundo é o silábico com valor sonoro onde em cada sílaba é representada por uma vogal ou consoante que expressa o som correspondente. 


         Silábico-alfabética:



   Nesta fase a criança vê que não é possível escrever apenas com uma letra para cada sílaba. Como essa é uma transição da ''silábica'' para a ''alfabética'', a criança começa a escrever algumas vezes representando a sílaba inteira, e em outras usando uma letra para cada sílaba.

    São exemplos de escritas silábico-alfabéticas:

 - CAVLU (cavalo)
 - JABUTCAA (jabuticaba)
 - MNINO (menino)
 - CADRA (cadeira)

       Nível Alfabético:

            

   Nessa fase a criança conhece o valor sonoro de algumas ou todas as letras e consegue agrupá-las formando sílabas.  Estando nesse nível não quer dizer que a criança já saiba ler e escrever corretamente. Ainda escrevem: Xinelo, Coziha, caza, etc.

     É importante ressaltar que cada criança tem seu ritmo. Espera-se que aos 7 anos ela já domine de maneira razoável a leitura e escrita. Claro que esse processo começa muito antes, pois desde muito pequenas as crianças já fazem a leitura de sua própria maneira: lê placas nas ruas, gravuras nos livros etc. 

    Uma criança que convive com o estímulo da leitura, com certeza, terá mais interesse, e provavelmente, o processo de alfabetização será mais fácil.



          








Alfabetização e Letramento

       Analisando o que Magda Becker Soares diz sobre letramento e alfabetização, a mesma enfatiza que :



        Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstância (Soares 2006)


     
      A escola é o lugar onde se aprende a codificar e decodificar códigos da linguagem, ler e escrever, porém o papel da mesma vai além de uma simples aprendizagem mecânica. Deve ser capaz de fazer os estudantes lerem o mundo. Não basta apenas saber ler e escrever, deve-se compreender o que se lê, portanto, não é possível separar alfabetização de letramento. Magda defende que alfabetização e letramento envolvem duas aprendizagens distintas, mas que devem ocorrer de forma articulada, o que denomina como alfabetizar letrando. Ensina-se a ler e a escrever, porém de uma maneira que os estudantes consigam de fato entender o que leem e articular o que escrevem, tornando-se assim leitores críticos que fazem o uso social de sua leitura e escrita.



Referências:
SOARES, Magda. Letramento: Um tema em três gêneros. 2. Ed. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2006. 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

ORTOGRAFIA NAS ESCOLAS


De acordo com Morais (2010), a ortografia é uma invenção recente na Língua Portuguesa. Foi no século XX que se fixaram as normas ortográficas no Brasil e em Portugal, mas as ortografias desses países não são iguais. É por isso que foi assinado um acordo nos últimos anos para unificar as normas ortográficas.
Segundo Morais (2010, p.28), “a ortografia é uma convenção social cuja finalidade é ajudar a comunicação escrita”. As pessoas de diferentes regiões, que pertencem aos diversos grupos socioculturais ou nascidas em épocas diferenciadas, falam as mesmas palavras de formas diferentes. Sendo assim, não pode ser constatado que existe uma única forma de pronunciar corretamente as palavras, pois a fala se difere da forma escrita.
Assim, a ortografia tem que ser ensinada na escola para que os alunos aprendam a grafia correta das palavras de forma padrão, e para que num momento posterior, os educadores possam verificar se os alunos aprenderam. No entanto, o que ocorre normalmente nas escolas é:

[...] a escola cobra do aluno que ele escreva certo, mas cria poucas oportunidades para refletir com ele sobre as dificuldades ortográficas de nossa língua. Creio que é preciso superar esse duplo desvio: em vez de se preocupar mais em avaliar, em verificar o conhecimento ortográfico dos alunos, a escola precisa investir mais em ensinar, de fato, a ortografia. (MORAIS, 2010, p. 25)
O PCN de Língua Portuguesa (BRASIL, 2001, p.84) nos traz a seguinte reflexão “ainda que tenha um forte apelo à memória, a aprendizagem da ortografia não é um processo passivo: trata-se de uma construção individual, para a qual a intervenção pedagógica tem muito a contribuir”. Sendo assim, a ortografia é um conteúdo como qualquer outro a ser trabalhado, ensinado aos alunos, e não apenas cobrado.
Arthur Gomes de Morais (2010) destaca que na aprendizagem da ortografia, primeiramente há a apropriação do sistema alfabético pela criança, a qual elabora conhecimentos referentes ao funcionamento da escrita, como exemplos: as letras que são permitidas utilizar na língua portuguesa, as letras que possuem representação sonora nas sílabas que compõem as palavras.
Morais (2010, p. 28) afirma:
[...] o conhecimento ortográfico é algo que a criança não pode descobrir sozinha, sem ajuda. Quando compreende a escrita alfabética e consegue ler e escrever seus primeiros textos, a criança já aprendeu o funcionamento do sistema de escrita alfabética, mas ainda desconhece a norma ortográfica.
Por isso, é muito visível que, no início da escrita pelos alunos, muitos erros ortográficos apareçam. Estes precisam ser compreendidos pelo educador, pois indicam que o aluno necessita de ajuda para entender a escrita, pois também o erro revela vários níveis de conhecimento.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. 3.ed. Brasília: A Secretaria, 2001. 144p.
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 2010.

Alfabetização Tecnológica: criando histórias

Levando em consideração as análises de Magda Becker Soares sobre letramento e alfabetização, essa diz que: “Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias” (Soares 2004).

Assim, é possível considerar que letrar é direcionar, conduzir a criança ao exercício das práticas sociais de leitura e escrita, é inseri-la ao campo das letras em seu sentido e contexto social, é fazer com que a criança tome gosto pelo hábito de ler, e a alfabetização compreende a decodificação e assimilação dos signos linguísticos; alfabetizar está em inserir a criança para a prática da leitura, ou seja, fazer com que se aprenda a ler, mas isso não implica em criar hábito da leitura, pois sabemos que há sujeitos alfabetizados que necessariamente não tomam gosto pelo hábito de ler, ou não leem com frequência, dizemos portanto que não basta alfabetizar a criança, é preciso letrá-la ou conduzi-la aos diversos tipos de expressões textuais, é capacitar a criança a criar relações com práticas de leitura e escrita, é compreender e questionar, sobretudo fazer a chamada leitura do mundo a partir de suas práticas sociais.

Ao se pensar no quanto as relações de comunicação presentes no mundo contemporâneo vêm se tornando complexas, é cada vez mais notória a necessidade do uso da tecnologia na educação, pois esta, ao tomar as tecnologias como recursos de ensino, torna-se uma das principais responsáveis pela formação de cidadãos capazes de interagir de maneira crítica e reflexiva com a tecnologia que está cada vez mais presente no cotidiano dos mesmos.

Um Pouco da história da Alfabetização

Segundo Cagliari (1987) de acordos com fatos comprovados historicamente a escrita surgiu da urgência das pessoas se comunicarem umas com os outras. Estudando atenciosamente o sistema da escrita veio à tona a preocupação em decifrar e entender o código. Com a invenção da escrita surgiu também a invenção das regras de alfabetização, ou seja, não adiantaria criar símbolos para registrar ou comunicar algo, era necessário ensinar como decifrar esses símbolos. Na antiguidade, as crianças aprendiam copiando o que já estava escrito, começavam com palavras e depois passavam para textos mais longos, não era algo importante frequentar uma escola para aprendê-lo. Segundo CAGLIARI (1998: p. 15) “a curiosidade, certamente, levava muita gente a aprender a ler para lidar com negócios, comércios e até mesmo para ler obras religiosas ou obter informações culturais da época”. A alfabetização dava-se com a transmissão de quem possuía conhecimentos da escrita para quem queria aprender. Com o desenvolvimento do capitalismo industrial veio à revolução tecnológica, e o início de uma nova economia, resultante da industrialização a migração do campo para as cidades aumentou, assim necessitando de uma educação que preparasse as pessoas para a Mão de obra industrial e com essa exigência econômica a escola é obrigada a preparar a população para o mercado de trabalho oferecendo condições para se adequarem ao capitalismo. Assim a aprendizagem da leitura e da escrita tomou outro rumo. O uso da escrita na sociedade cresceu de modo significativo com a invenção de livros e de máquinas. Após a revolução Industrial e Francesa a alfabetização se tornou indispensável para a sociedade em geral. Com isso, a escola tem a responsabilidade de alfabetizar as crianças. Surgiam então os métodos como forma de ensinar as crianças a escreverem. Porém enquanto as pessoas pobres trabalhavam para poderem sobreviver, a alta sociedade tinha acesso garantido para frequentar a escola. Os métodos se desenvolveram também da maneira como a sociedade se organizava. Cada sistema veio colaborar com uma nova perspectiva da educação da sua época. Por isso, quando estudamos e analisamos alguns processos de alfabetização devemos conhecer um pouco da sua história e quando esse sistema começou e qual necessidade ele veio atender. Falar sobre métodos Até pouco tempo acreditava-se que o processo de alfabetização se resumia em um simples ato de decodificação de símbolos, onde se utilizava metodologias nas quais não se considerava o entendimento das crianças sobre o que era ensinado, também se dava pouco valor às práticas que eram utilizadas para que o aprendizado acontecesse. Para Cagliari, No processo de alfabetização, a leitura precede a escrita. Na verdade, a escrita nem precisa ser ensinada se a pessoa souber ler. Para escrever, uma pessoa precisa, apenas, reproduzir graficamente o conhecimento que tem de leitura. Por outro lado, se uma pessoa não souber ler, o ato de escrever será simples cópia, sem significado. (Cagliari, 1994, apud Massini-Cagliari,1994, p. 26) Por isso, acredita-se que a leitura e a escrita sejam a porta de entrada para a inserção na sociedade letrada em que vivemos atualmente, porque, é a partir dessas habilidades adquiridas desde a Educação Infantil, que as crianças se apropriam dos saberes acumulados pela humanidade, tornando-se seres globalmente sociais. As tradicionais formas de alfabetização utilizadas pelos professores consistem em um método no qual este transmite seus conhecimentos aos alunos. Porém, muitas vezes, estes professores não se encontram capacitados a compreender algumas das dificuldades que as crianças enfrentam antes de virem a entender o real sentido da leitura e da escrita. As práticas de aprendizagem muitas vezes se iniciam baseadas em uma junção de sílabas, em memorização de sons, cópia e decifração. Para que o processo de alfabetização aconteça com sucesso, nos anos iniciais, algumas propostas deveriam ser aderidas, como a aceitação de que cada criança pode sim produzir e interpretar escritas, cada uma no nível em que se encontra. Também que a interação da criança com a leitura e a escrita se desse nos mais variados contextos, permitindo que esta tenha acesso a escrita do seu nome o quanto antes possível, e não esquecendo que a correção ortográfica neste primeiro momento, não apresenta grande importância. Pode se considerar, então, que a alfabetização é a construção de um conceito de que ler e escrever tem suporte na criatividade e no raciocínio de cada educando, mas que também se estrutura nas relações sociais e afetivas. Assim sendo, no contexto da alfabetização, é fundamental conceituarmos duas abordagens: uma que visa o processo de aquisição da linguagem e da escrita e outra que visa o real significado da alfabetização. Levando em conta as questões abordadas até aqui e também a importância dos métodos de utilizados para a aquisição da alfabetização, buscou-se, a partir da pesquisa desenvolvida, bem como os questionários aplicados aos professores, analisar quais os métodos utilizados e entender como ocorre este processo no cotidiano escolar. Ler e escrever são atividades da alfabetização que devem ser conduzidas paralelamente. Porém, costuma-se valorizar mais à escrita do que à leitura. Pode-se relacionar isso, ao fato de que, as escolas acreditam ser mais fácil a avaliação de um aluno pelos seus erros e acertos, o que fica de difícil identificação num processo somente de leitura. Os métodos de alfabetização, responsáveis pela aquisição da leitura e da escrita devem ser tomadas como uma prática social a ser devidamente incorporada na vida cotidiana de cada indivíduo, cujos aprendizados iniciam na escola, e jamais se encerram nos limites da experiência acadêmica.